sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Grey Gardens


A televisão. Um meio que atualmente vem apresentando os mais interessantes filmes feitos de forma exclusiva. Além dos chamados telefilmes, as séries e principalmente as minisséries vêm, também, evoluindo de maneira incrível. Mas quero pedir permissão e me ater aos filmes feitos para a TV, já que começo a perceber que todo ano aparece um mais lindo que outro e me pergunto: será que o Cinema no sentido físico está perdendo espaço? Deixaremos essa discussão para depois. Ano passado a HBO lançou algo que, pra mim, é uma pequena obra-prima: Recontagem. Este ano, mais uma vez, o canal lançou mão de uma obra de arte inquestionável e que durante toda a sua reprodução é um show visual, sonoro e textual: Grey Gardens.

Com uma montagem impecável, o telefilme conta a história da família de Edith (Jessica Lange), mas já nos primeiros momentos sabemos que o enfoque será sobre ela e sua filha, Edie (Drew Barrymore). É uma família que vive de aparências e durante todo o filme vemos a queda das excêntricas mãe e filha que sonharam, algum dia, em serem estrelas. Após a completa dissolução do ambiente familiar (Edith separa-se de seu marido, interpretado pelo vencedor do Emmy Ken Howard), Edith e Edie afundam-se num mar de desesperança dentro da mansão de praia da família, Grey Gardens. A volta do ar fresco de que as duas necessitavam, é contemplada com a chegada de dois cineastas que resolvem fazer um documentário sobre a vida delas. E este é um dos motivos pelo qual adjetivei a montagem como sendo impecável: além de a história não ser linear cronologicamente, por oras temos um filme dentro de outro, justamente quando seguimos as filmagens de tal material.

É importante observar três aspectos neste telefilme: a forma segundo a qual as personagens são expostas, o trabalho de elenco e a parte técnica. O diretor Michael Sucsy escolhe por mostrar cada uma das personagens principais de forma anatômica e fisiológica, ou seja, detalhando tanto suas aparências físicas quanto seus sentimentos mais profundos e ocultos. E para que essa idéia desse certo, um elenco afiado era necessário e ouso dizer que isso sobra no telefilme. Drew Barrymore e Jessica Lange não estão menos que extraordinárias, divinas. Mesmo sob uma pesada maquiagem durante alguns momentos, exteriorizam todo e qualquer desespero e pingo de esperança que ainda lhes restam. Duas das atuações mais impressionantes que pude ver na televisão desde Angels in America (e as brutas interpretações de Meryl Streep e Emma Thompson). Da metade para o fim da fita, entra em cena uma tal de Jeanne Tripplehorn – que já atua de forma impressionante na melhor série dramática atual, Big Love – interpretando Jacqueline Kennedy e, em uma cena, muda todo o curso da história e constrói uma coadjuvante muito inspirada.

Tecnicamente este telefilme de Sucsy é um deslumbre. Uma fotografia que tende ao perfeito, figurinos de acabamentos finos e uma maquiagem realista. Dois quesitos, porém, merecem destaque: trilha sonora e direção de arte. Aquela foi composta lindamente pela minha querida Rachel Portman e é uma surpresa a cada acorde. Fiquei em dúvida se falava sobre a cenografia aqui ou no parágrafo dedicado ao elenco. Afirmação estranha, não? Mas é a realidade. O design dado à casa de praia é tão complexo e interessante que sentimos que estamos diante de outro personagem. A direção de arte segue os atos do filme e declina da mesma forma que mãe e filha. Temos aqui um filme que não mostra a ascensão e queda de duas pessoas. Ele parte do princípio de que já estão num patamar bastante alto na sociedade e que tudo que um dia sobe, pode cair feio. E esta queda é mostrada a partir de uma mistura e posterior explosão de sentimentos da maneira mais genuína possível.


Nota: 9,5



Informações sobre o filme, clique aqui.

12 comentários:

  1. Eu não me conformo porque eu perdi mais uma reprise de "Grey Gardens". Tenho que conferir este telefilme URGENTEMENTE!!!!!!!!!

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  2. Depois de tudo o que você escreveu, percebo que tenho que vê-lo com certa urgência.
    Eu gosto bastante da Drew Barrymore. Ela me parece ser o tipo de atriz qur se repete sempre, mas, mesmo assim, costumo gostar de suas personagens sorridentes e bobinhas. Se ela está "extraordinária, divina" nessa produção, preciso conferi-la.
    Acredito que os dois últimos filmes feitos para a TV a que eu assisti foram A Dança da Morte e O Iluminado, ambos baseados nas obras de Stephen King.

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  3. Parece um ótmi programa, em vista de ter nomes como Jessica Lange e Rachel Portman envolvidos. Mas eu não vejo um telefilme há séculos, ainda que goste muito deles. Vou ver se acho este "Gray Gardens" na Internet. E que bom que a Drew tem escolhido melhor seus projetos, já que andou colecionando um caminhão de enganos.
    Abraços!

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  4. KAMI, não perca se tiver outra reprise!!!!!

    LUIS, sou muito fã da Drew, uma atriz subestimada. Aqui ela tem um dos melhores papéis da carreira (não sei se a prefiro em Grey Gardens ou em Os Garotos da Minha Vida). Aproveito para também indicar Recontagem, outro telefilme extraordinário.

    WEINER, é tranquilo de encontrar na net para baixar. E eu gosto da Drew!! Ela é subestimaaada hahahaha. Abs!

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  5. Parece ser bem interessante. Chato é que, quem não tem tv a cabo (o/) fica na vontade. A HBO normalmente capricha nesses telefilmes.

    Abs!

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  6. Que legal, sabe que adoror o filme, já comentei com você sobre ele. É tudo muito bem feito. A Drew está fantástica no filme, achei estranho ela não ganhar o Emmy... Não sei se você já viu o documentário, se não, veja... é muito bom.

    Uma pena que muitos nem vão saber que esse filme existe... Porque acho que nem vai rolar um dvd aqui no Brasil.

    Abraços.

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  7. Esse filme tem agradado a muitas pessoas, irei providenciar pra ver!

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  8. Também gostei muito desse filme. A HBO quase sempre acerta nesse tipo de produção ("Recontagem" é uma pequena obra-prima mesmo), "Grey Gardens" mereceu o sucesso no Emmy.

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  9. Kau, eu não fico antenado nas novidades da televisão, mas tenho que concordar com você enquanto as qualidades dos telefilmes. Cito como exemplo o extraordinário "De Porta em Porta". Sei que é uma obra que já foi lançada faz um bom tempo, mas é até de se lamentar o pouco alcance que esses bons títulos recebem quando destinados para serem transmitidos na tevê. Tenho muita vontade de ver "Grey Gardens", pois conta com três atrizes que eu adoro. Mas antes vou me arriscar em ver o documentário original produzido na década de 1970.

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  10. Kau, seu texto diz tudo o que penso sobre "Grey Gardens". È mais um maravilhoso telefilme, com maravilhosa e caprichosa parte técnica e ótimas atuações da dupla Drew e Jessica. Mereceu todos os Emmys que ganhou.

    Beijos e tenha uma ótima semana! ;)

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  11. DUDU, é bem fácil de achar para baixar! Abs!

    THIAGO, não vi o doc, mas vou procurá-lo. E acho que vai ter DVD sim aqui no Brasil. Recontagem tem! Abs!

    CLEBER, isso!

    VINÍCIUS, concordo com você.

    ALEX, não vi De Porta em Porta, mas dizem que é incrível. Assista Grey Gardens e depois me diga oq achou.

    MAYARA, concordo com você. Beijos e boa semana!

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  12. Vi esses dias q esse filme tá passando na HBO, qualquer dia ei de vê-lo, com essa tua nota e comentário então, virou obrigação!
    Abs! Diego!

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