segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Rabbit Hole



De vez em quando aparece algum filme que foi livremente baseado numa peça de teatro. Um dos exemplares mais atuais é o extraordinário Dúvida, no qual podemos ver um elenco forte inserido numa atmosfera bastante teatral. O mesmo é evidente na obra-prima atemporal chamada Uma Rua Chamada Pecado; mas ainda de forma mais escrachada, temos a impressão de estarmos numa platéia, assistindo tudo ao vivo. David Lindsay-Abaire escreveu uma peça chamada Rabbit Hole e ele próprio desenvolveu o seu formato cinematográfico e entregou para John Cameron Mitchell se empenhar na direção. No final das contas, o filme acompanha os dois exemplos citados e se faz teatral, alegórico e muito real.
Basicamente, o filme conta a história de um casal em completa crise após a trágica morte de seu filho. Pensamos, desde o começo, que roteirista e diretor colocariam a vida do casal como um todo em evidência, mas ao contrário disso, temos um conto individual de sentimentos. Além de tudo, esperamos ver muitas menções à ''toca de coelho'' de Alice no País das Maravilhas; entretanto (e obrigado David e John por isso), é tudo muito original e sutil. Nicole Kidman e Aaron Eckhart interpretam marido e mulher que, de formas diferentes, reconstroem suas vidas. Isto é, durante os 90 minutos de filme, vemos duas pessoas que precisam se auto-conhecer novamente, aprender a superar a perda e, principalmente, se integrar na sociedade. O final? Ahhhh, o final. Simples e condizente.

Tecnicamente, o filme não surpreende muito. A fotografia, assinada por Frank G. deMarco, é simples e comum - o que não entendi, uma vez que tal diretor já assinou de forma belíssima alguns planos visuais na perfeita série Mad Men. Muito se falou da trilha sonora composta por Anton Sanko e preciso dizer que, de fato, ela merece créditos por ser intensa e envolvente. O elenco de apoio é interessante e conta com Dianne Wiest, Sandra Oh e Tammy Blanchard. Mas o destaque vai para Nicole e Aaron: ambos muito dedicados e entregues aos seus personagens. Seria insano de minha parte não colocar Kidman em pauta, uma vez que, pra mim, ela está espetacular e até agora merece todas as menções que vem recebendo nas premiações. Rabbit Hole é, enfim, um filme simples, mas que torna-se comovente, sincero e real. Merece ser visto.


Nota: 8,5


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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Década: Elenco

10. Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto


9. Queime Depois de Ler







8. Casa de Areia e Névoa





7. Babel




6. Spun - Sem Limites







5. Na Natureza Selvagem





4. 21 Gramas





3. Ao Entardecer





2. Dúvida



1. As Horas


quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

MEME - as 13 vozes da minha vida

Nem bem retornei, e o amigo Fael (editor do blog Tablito), me passou um desafio bastante interessante. Confesso que não parei muito pra pensar, senão jamais fecharia a lista. Todas as vozes, e canções, que a compõe marcaram algum momento da minha vida e, hoje, já não posso viver sem escutá-las. Como sei que a maioria dos blogueiros já foi indicado ao MEME, deixo em aberto; ou seja, quem quiser, pode fazer sua lista. Por ordem aleatória, here i go!



Aimme Mann, "Wise Up"


Andrew VanWyngarden, "Kids"




Elis Regina, "O Bêbado e a Equilibrista"




David Gahan, "Enjoy the Silence"




• Beyoncé, "Halo"




Ed Macfarlane, "Paris"



Nikka Costa, "I Believe in Love"



Ben Gibbard, "Transatlanticism"



Alicia Keys, "Empire State of Mind (Part II) Broken Down"



Caleb Followill, "Use Somebody"



Cássia Eller, "Luz dos Olhos"



Eddie Vedder, "Guaranteed"



Duffy, "Warwick Avenue"

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Sempre ao Seu Lado


Em “Marley & Eu”, observamos a relação de um casal com um cachorro de forma bastante cômica que desemboca num desfecho comovente, triste. Não fui o maior fã desse filme, bem como não sou o maior fã de companheiros caninos. Confesso também que só fui assistir a “Sempre ao Seu Lado”, por insistência de uma amiga. O que ocorreu, sendo direto, foi que ao final da sessão, eu estava desidratado de tanto chorar. Este novo material que coloca um cachorro em pauta consegue ser muito diferente dos demais e, facilmente, emociona.

Após descer do trem, depois de mais uma viagem, Parker (Richard Gere) encontra um filhote de Akita perdido e, rapidamente, humano e canino se identificam. A chegada do cãozinho acaba por deixar a esposa de Parker, Cate (Joan Allen), um pouco assustada; mas logo todos da casa se apaixonam por Hachi (nome dado ao filhote). Entretanto, é evidente que o laço de lealdade, amizade e companheirismo é criado entre o cão e Parker, e o diretor Lasse Hallström (dos excelentes “Chegadas e Partidas” e “Chocolate”) manipula esta situação de forma extremamente clara e sensível. Mas, quando a lealdade entre eles chega no auge, um fato mudará a vida de todos e é aqui que, de fato, começamos a entender o significado de amizade.

O que é interessante enxergar neste filme é que o roteiro (perfeitamente escrito por Stephen P. Lindsey) gira em torno de Hachi e sobre as consequências do fato que citei no parágrafo acima, na sua vida. Lasse dirige cenas de forma clássica e propõe uma fotografia limpa e bonita. Sem exageros digo que a trilha sonora, composta pelo gênio Jan A.P. Kaczmarek, é algo sublime, maravilhoso! Ela nos mergulha nas lágrimas na cena final que é igualmente belíssima. Richard Gere tem aqui uma boa atuação, assim como a sempre incrível Joan Allen. E, assim, chega uma fita que me surpreende com uma linda história real sobre até onde vai a lealdade e sobre qual é o verdadeiro significado da palavra amizade.


Nota: 8,0


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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Do Começo ao Fim


Roteiro. Este é o quesito que mais me chama a atenção ao assistir um filme. E não existe coisa que me deixa mais chateado do que um roteiro sem proposta, que acaba dando vida a um filme ruim. Logo ao ver o trailer da fita “Do Começo ao Fim” (dirigido por Aluízio Abranches), comentei que seria um tema complicado e de difícil aceitação por parte do público. O filme, em suma, não fala apenas de questões que circundam a sexualidade de dois irmãos. Mas sim, mostra-se ambicioso por colocar um romance atípico e delicado no cerne da história.

Francisco (João Gabriel) e Thomás (Rafael Cardoso) são filhos da médica Julieta (a sempre genial Julia Lemmertz), mas não são filhos do mesmo pai. Não demora muito, e Julieta começa a perceber que por trás do amor incondicional entre dois irmãos, existe algo muito maior: eles são apaixonados um pelo outro. Pronto, aqui está a história. A trajetória de paixão entre Francisco e Thomás é relativamente dura, mas ao que parece - e citando agora o interessante “De Repente, Califórnia”, onde dois garotos enfrentam todos por seu amor – eles irão lutar pelo o que sentem.

Não vou, e sendo rabugento, não quero falar sobre o que vemos no filme. Tive problemas sérios no cinema, mas não por serem dois irmãos apaixonados, mas sim por Aluízio Abranches rodar cenas íntimas extremamente desagradáveis entre eles (culpa de um roteiro ruim). Achei de mau gosto, apelativas e, principalmente, pretensiosas. Às vezes, o ousado chega pra ser o magnífico, mas às vezes cai por terra e se faz péssimo. A dupla de protagonistas é despreparada; não nego que são rapazes bonitos, mas não é beleza que faz um ator ser bom. Julia Lemmertz é ótima e é quem salva o filme da completa desgraça. Permitam-se dizer, então, que “Do Começo ao Fim” é um filme completamente descartável que não chega nem perto da grandeza de outros filmes que tratam de homossexualidade como "C.R.A.Z.Y. – Loucos de Amor", por exemplo.

Nota: 3,0

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