quarta-feira, 29 de julho de 2009

A Rainha


Tratar de soberania e política sempre foi uma constante no Cinema. Mas na maioria das vezes um passado nada recente é o que está em pauta. Ou seja, é mais interessante do ponto de vista estético fazer um filme sobre as monarquias de séculos anteriores. Eu sempre gostei de ver um teor político sério em fitas que tratassem deste assunto, mas nem sempre pude ser agraciado. Além disso – e agora mudando de foco – nunca escondi minha admiração pela Princesa de Gales (Diana), independente das suas “peripécias”. Quando soube que iriam recriar o baque resultante após sua morte, eu fiquei com bastante medo. Primeiro por que não conhecia Peter Morgan (o roteirista); e segundo por que Stephen Frears nunca tinha se aventurado num tema tão delicado quanto este. Contudo, lógico que depois de assistir a este The Queen, fiquei impressionando com tudo na película.

Durante os primeiros minutos de A Rainha, o que está em evidência é a esmagadora vitória de Tony Blair (Michael Sheen), que assume, então, o cargo de Primeiro Ministro Britânico. Só que a algazarra ao redor de tal vitória será visivelmente abafada após a bombástica notícia da morte da Princesa de Gales. Quem também acaba ficando em estado de choque com tal acontecimento é a Família Real londrina, e cada “participante” do clã irá digerir de maneira diferente a morte de Diana. O foco do roteiro, entretanto, está na relação complicada entre a Rainha Elizabeth II (Helen Mirren) e o Primeiro Ministro Tony Blair; e vai além: propõe uma luta entre os dois, mesmo que entrelinhas, colocando de um lado a tirana e de outro o político do povo. A tensão entre os dois coloca a Rainha como sendo fria e calculista diante da população londrina, e do mundo. Os diálogos, absurdamente bem escritos por Peter, são de uma força ímpar e durante alguns deles, conseguimos enxergar faíscas as quais podem acender, a qualquer momento, alguma bomba que destruirá a credibilidade ou de Tony, ou da Rainha.

A direção de Stephen é única. Consegue deixar a fita com um ar estritamente político, mas em contrapartida, unicamente humano. E esta humanidade é resultado de um trabalho de elenco genial: Michael Sheen é ótimo, mas Helen Mirren não está menos que visceral. Um tour de force diferente, contido e que nos mostra as várias faces da “celebridade” real britânica. Alexandre Desplat, meu compositor preferido, compõe algo sublime, utilizando acordes pesados, violinos para amaciar o enredo e um ritmo clássico, grandioso. A fotografia de Affonso Beato, indo contra todos, era uma das melhores daquele ano de maneira disparada e os figurinos da minha querida Consolata Boyle são de um charme extraordinário e de acabamentos impecáveis. O que, então, ocorre é o seguinte: na minha humilde opinião, The Queen, era o melhor filme concorrendo ao Oscar em 2007. Um filme que consegue alinhar política com humanidade da forma mais interessante possível.

Nota: 9,5


Informações sobre o filme, clique aqui.

10 comentários:

  1. Um Pérola do Cinema. Além de me trazer boas lembranças, quando o Kau e eu eramos uns dos poucos que achavam esse o melhor filme do ano, ou pelo menos um dos melhores. Uma pérola, para o público inteligente e mais 'frio'. Imperdivel. Nota: 10

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  2. Kau, agora que fiquei sabendo que você voltou, cara. Que bom. Estava com saudade de ler seus belíssimos textos. "Welcome Back"

    Sobre "A Rainha" eu nunca tive oportunidade de ver. Mas sempre fiquei curioso em ver a atuação e Hellen. Um Abraço!

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  3. Só agora soube do teu regresso e fico muito contente. Eras um dos meus visitantes mais regulares e eu adorava o teu Bit. Fico muito contente que tenhas voltado!

    Cumps.
    Filipe Assis
    CINEROAD - A Estrada do Cinema

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  4. "A Rainha" é um verdadeiro filmaço. Acho uma obra extremamente simples, especialmente em sua essência técnica, mas é um longa tão bem executado em seus elementos principais: roteiro, elenco, direção. A história mostra, na realidade, a solidão do poder, as dúvidas, as incertezas sobre qual caminho deve ser seguido. É difícil governar e é isso que Peter Morgan nos mostra.

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  5. CLEBER, como eu disse era o melhor dentre os indicados. Mas consigo citar uns 2 ou 3 que superam A Rainha.

    RAFAEL, obrigado! E recomendo que você assista The Queen. Filme direto, rápido e maravilhoso. Abs!

    FILIPE, obrigado! Vou continuar a visitar o ótimo CINEROAD! CUMPs

    KA, exatamente. Na verdade eu queria deixar o meu texto bem mais longo e divagar sobre os vários aspectos do roteiro. Mas preferi deixá-lo enxuto.

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  6. Eu também adoro "A Rainha"!!! O filme poderia inclusive vencer o Oscar naquele ano que eu ficaria feliz da vida - mesmo que "Pequena Miss Sunshine" tenha um lugar especial no meu coração.

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  7. Kau, que bom ver o senhor novamente no mundo blogueiro. Sabia que não demoraria para vê-lo retornar. ;-)

    Sobre "A Rainha" o resumo com duas definições que a Kamila colocou muito bem, sendo a solidão que o poder causa e as dificuldades que é governar. Gosto das partes técnicas da fita que você destaca no terceiro parágrafo. No entanto, acho "A Rainha" um longa um pouco mais do que bom, pois a experiência em vê-lo não é algo que permaneceu muito tempo em minha mente.

    Abraços, bom final de semana!

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  8. Você elogiou tanto que me deu vontade de rever. Minha opinião até o momento é bem diferente da sua: é o pior filme do Oscar 2007. xD

    []s

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  9. Kau, gosto bastante de "A Rainha" por ele contar uma história que acabou marcando uma nação de uma forma sensível. ;)

    Beijos!

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  10. VINÍCIUS, apesar de não indicar Pequena Miss Sunshine na minha lista, ele tb tem um lugarzinho no meu coração rsrsrsrs.

    ALEX, discordando de vc, eu acho The Queen um filme inesquecível pelo fato de ter um roteiro impecável, genial. Inclusive já o assisti umas 5 vezes... Abs!

    JEFF, reveja!!!! É um belo filme =D Abs!

    MAYARA, concordo com você. Beijos!

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