Durante quase toda a reprodução de De Repente, Califórnia músicas altas, surfistas insandecidos no mar e skatistas em terra tantam dar um ar comum ao filme. O diretor estreante Jonah Markowitz tenta utilizar o cotidiano para mostrar que o que muitos pensam ser algo inaceitável é, na verdade, absurdamente simples. A fita trata, sendo direto, de homossexualidade, mas não esperem algo insensível, frio e que banalize o tema. Muito pelo contrário. Tudo o que assistimos é leve e no fim temos s sensação de dever cumprido. Coloca tal tema num patamar tão interessante que, de forma bastante discreta, acaba por, simplesmente, mandar as pessoas que ainda são à favor do preconceito, calarem a boca. Além de tudo, Shelter (título original) fala de sonhos, mas não superficiais. Sonhos que têm a ver com um futuro brilhante e lindo que pode ser alcançado.
No filme, conhecemos Zach (Trevor Wright), um garoto que larga a escola de arte para ajudar sua família, mais precisamente sua irmã, Jeanne (Tina Holmes), que é mãe solteira. Um dos pontos interessantes do roteiro (escrito pelo mesmo Jonah Markowitz) começa aqui, uma vez que o sobrinho de Zach o vê como a figura paterna a ser seguida, o que torna a vida do garoto mais complicada do que parece. Tudo muda quando Zach conhece Shaun (Brad Rowe) e, de pronto, os dois tornam-se amigos. Primeiramente motivados pelo surfe e logo em seguida pelo sentimento genuíno chamado amor que toma conta deles. A autodescoberta acaba por confrontar o que já conhecemos, o preconceito, e a velha frase "o que vão pensar da gente?" vêm à tona. Entretanto, logo percebemos outra grande sacada do roteiro: não importa o que aconteça; eles se amam e pronto! E mesmo Zach com seus vários problemas, luta para reconciliar seus próprios desejos com as necessidades de sua família. Após terminar a película, fiquei com uma vontade súbita de casar e ter um cachorro (assistam ao filme e saberão do que estou falando)!
Contudo, ao passo que temos um roteiro interessante que, mesmo caíndo em alguns clichês, se faz maravilhoso, temos alguns problemas de direção. Acredito que Jonah deixou seu filme visualmente lindo: desde a impecável fotografia, até à surpreendente direção de arte. Mas tudo isso, somada às fofas canções (uma delas, a viciante "I Like That", de Shane Mack) acabam por dar um ar de clipe musical ao filme, o que, pra mim, é um problema - mesmo que pequeno. A dupla de protagonistas são bastante convincentes, principalmente Trevor Wright. Conseguem ser naturais e fazer de seus personagens instrumentos que mostram o que é amar sem fronteiras. O que, de fato, acontece é que De Repente, Califórnia é um filme para poucos. A maioria dos cinéfilos estão achando a fita superficial e, pasmem, utópica. Uma pena, pois pra mim é uma grande e grata surpresa.
Nota: 8,0
Informações sobre o filme, clique aqui.
Ainda sobre o comentário de Picnic:
ResponderExcluirComo disse no início da postagem, Rosalind Russell no papel da professora solteirona comanda a história, o restante dos personagens seguem sua função: atuar, sem muita novidade. Você percebe isso na própria dupla romântica central: Kim Novak e William Holden
Se compararmos Joshua Logan com os depois diretores da época veremos que ele deixa a desejar, mas eu sempre destaco tais profissionais porque muitos blogueiros frisam atores, história e esquecem dos roteirista e também diretores.
Concordo que a história não tem muita novidade, mas sempre fico em lua de mel com os filmes que ganho.
Abraços
Júnia
Abraços!
Bem acho este muito interessante, e fugindo que de todo e qualquer esteotipo.
ResponderExcluirAinda não vi esse, mas está na lista... Assim que der vou ver.
ResponderExcluirAbraço
JÚNIA, concordo que o papel de Rosalind Russell é o que tem de mais interessante em Pic Nic. Joshua, no entanto, ainda continuo achando bastante limitado. Inclusive, tenho problemas com a adaptação que ele fez de Ao Sul do Pacífico (de 1958). Abraços!
ResponderExcluirCLEBER, na realidade o que eu acho é que os clichês estão presentes. Mas, como você disse, os esteriótipos mostrados na fita são diferentes do comum.
THIAGO, depois diga o que achou. Abs!
Acho que o filme consegue fazer a média com uma leitura mais pop e um assunto que ainda é tabu nesse meio.
ResponderExcluirKau, o filme ficou somente alguns dias aqui na cidade, verei quando estiver disponível em DVD.
ResponderExcluirP.S.: Tem selo para você lá no blog. ;)
Beijos!
Olá Kau
ResponderExcluirJá tinha lido sobre este filme, mas ainda não tive oportunidade de conferir. Com certeza deve ser interessante, ainda mais por tratar-se de um tema tão polêmico como a homossexualidade.
Abraços e até mais.
PEDRO, concordo com você.
ResponderExcluirMAYARA, assista assim que puder e comente aqui sobre o que achou. E OBRIGADO pelo selo, vou lá ver. Beijos!
ALTIERES, é polêmico, mas eles aderem o filme à uma cultura mais pop como bem disse o Pedro. Abs!
Oie! Que bom que gostou do meu blog. o seu tb é super legal.
ResponderExcluirJá ouvi falar desse filme, mas nunca vi, valeu a dica!
Hahaha trauma de cachorro, pq?
Pelo trailer dá pra se ter uma idéia do filme, é algo bem pop mesmo, e leve, pelo menos no trailer, e como você já confirmou também. Sobre o Robert Downey Jr. em papéis caricatos, também acho, Sherlock Holmes podemos dizer que é um senhor personagem caricato, ele precisa realmente tomar cuidado. Abr
ResponderExcluirtem selo pra você lá no blog. Abraço
ResponderExcluirQuero tentar ver em DVD, já que a história me chama muita atenção. Parece ser um típico filme "em luta pelo amor", com o aditivo de ter uma pitada de polêmica (e eu adoro polêmicas). Mas, se no fim, saímos da sessão com vontade de cultivar bons sentimentos (como casar e ter um cachorro, rsrsrs) acho que o filme já me conquistou.
ResponderExcluirAbraço!
MANDY, obrigado! Espero que assista o filme em breve. E eu tenho trauma de cachorro pq tenho 14 pontos no rosto por causa de um, hahahahaha.
ResponderExcluirTHIAGO, é bem leve e pop como eu disse. Sobre Robert, concordo com você. E obrigado pelo selo!!! Vou lá ver. Abs!
WEINER, eu acho que vc pode gostar bastante do filme. Quando assistir, me fala oq achou. Abs!