Convenhamos: vampiros são seres estranhos que na grande maioria das vezes rendem filmes e histórias que pendem totalmente ao terror. Ano passado, a febre literária adolescente virou filme; falo de Crepúsculo, um filme que apesar de ser vampiresco, é movido por um caso de romance e não de terror. Entretanto, foi a fita sueca Deixe Ela Entrar que mostrou ao mundo uma interessante história de amor em que vampiros estão em pauta. Além de tudo, o filme prima o tempo inteiro pelo inovador e pelo ousado, fazendo-se, sem pretensão, extremamente original. Na realidade, e já dando uma dica sobre o trabalho de direção, tal ousadia não se deve apenas ao roteiro (John Ajvide Lindqvist), mas também ao diretor Tomas Alfredson, que parece não dar a mínima para o público e simplesmente mostra, sem rodeios, o que deve ser mostrado.
Oskar (Kåre Hedebrant) é um garoto solitário e que vive acostumado a sofrer bulling na escola. Sua monótona e triste vida muda bruscamente quando conhece Eli (a magnífica Lina Leandersson), sua vizinha estranha. Pronto. Eli parecia ser o ar fresco que faltava na vida de Oskar mas, paradoxalmente, este frescor vem da forma mais sombria e complicada: ela é um vampiro. E não adianta tentar mudar o fato. Eli é pálida, fria e aparenta ter a mesma idade de Oskar. Sim, eu disse aparenta. Isso por que ao longo da reprodução, ficamos sabendo que na realidade, a garotinha é uma mulher presa num corpo “tamanho PP”. E esta revelação não é feita de forma clara, uma vez que existe um fator incógnita na história, representado pelo homem que mora com Eli. Ao passo que a amizade das crianças aumenta, Oskar começa a apaixonar-se pela garota e tudo é tratado da forma mais frágil e inocente quanto for possível.
Até aqui, parece que estamos diante apenas de mais um romance que se faz diferente por tratar de um casal bastante jovem. E é exatamente aqui que Alfredson lança mal de uma genialidade fora do convencional e ao passo que umedece seu filme com sensibilidade, também faz questão de deixá-lo nebuloso com cenas aterrorizantes. Afinal de contas, a protagonista é um vampiro, se alimenta de sangue e, logicamente, precisa caçar suas presas. Chegamos à outra bela sacada do diretor: fazer de Eli um ser angustiado por ser o que é. Percebemos que ela sente-se mal após mais uma noite de alimentação, mas mesmo assim não temos uma humanização, mas sim passagens que, mergulhadas no ser Eli, são uma espécie de exteriorização de sentimentos opostos. E toda essa gama de emoções pode ser exemplificada pela cena em que ela deita-se, nua, junto de Oskar, e num ato belíssimo aceita ser, simplesmente, a sua namoradinha (no sentido infantil da palavra).
Os artifícios usados na fotografia são semelhantes aos utilizados no fraco 30 Dias de Noite. Temos a utilização da neve, ou seja, de planos visuais brancos e/ou cinzentos para denotar a nebulosidade da história. E o interessante é que toda essa atmosfera alva acaba por colocar os personagens e suas expressões ainda mais em evidência. O garotinho que interpreta Oskar, Kåre Hedebrant, tem um futuro brilhante pela frente, mas não posso ser injusto e deixar de colocar Lina Leandersson (a Eli) num patamar acima. Que atuação extraordinária! Uma criança compor um vampiro como Lina o fez é algo quase que impensável, insano. E ela chegou como quem não quer nada e mostrou toda a força de uma jovem estrela nascente. Deixe Ela Entrar foi preterido pela Suécia no que diz respeito à escolha do país para tentar vaga no Oscar passado. Quem entrou no seu lugar foi o belo, mas problemático e clichê, Maria Larsson's Everlasting Moment. Acredito que aquela pequena obra-prima vampiresca poderia ter sido um pouco mais valorizada, uma vez que mostrou para Hollywood como fazer um romance moderno.
Nota: 9,5
Oskar (Kåre Hedebrant) é um garoto solitário e que vive acostumado a sofrer bulling na escola. Sua monótona e triste vida muda bruscamente quando conhece Eli (a magnífica Lina Leandersson), sua vizinha estranha. Pronto. Eli parecia ser o ar fresco que faltava na vida de Oskar mas, paradoxalmente, este frescor vem da forma mais sombria e complicada: ela é um vampiro. E não adianta tentar mudar o fato. Eli é pálida, fria e aparenta ter a mesma idade de Oskar. Sim, eu disse aparenta. Isso por que ao longo da reprodução, ficamos sabendo que na realidade, a garotinha é uma mulher presa num corpo “tamanho PP”. E esta revelação não é feita de forma clara, uma vez que existe um fator incógnita na história, representado pelo homem que mora com Eli. Ao passo que a amizade das crianças aumenta, Oskar começa a apaixonar-se pela garota e tudo é tratado da forma mais frágil e inocente quanto for possível.
Até aqui, parece que estamos diante apenas de mais um romance que se faz diferente por tratar de um casal bastante jovem. E é exatamente aqui que Alfredson lança mal de uma genialidade fora do convencional e ao passo que umedece seu filme com sensibilidade, também faz questão de deixá-lo nebuloso com cenas aterrorizantes. Afinal de contas, a protagonista é um vampiro, se alimenta de sangue e, logicamente, precisa caçar suas presas. Chegamos à outra bela sacada do diretor: fazer de Eli um ser angustiado por ser o que é. Percebemos que ela sente-se mal após mais uma noite de alimentação, mas mesmo assim não temos uma humanização, mas sim passagens que, mergulhadas no ser Eli, são uma espécie de exteriorização de sentimentos opostos. E toda essa gama de emoções pode ser exemplificada pela cena em que ela deita-se, nua, junto de Oskar, e num ato belíssimo aceita ser, simplesmente, a sua namoradinha (no sentido infantil da palavra).
Os artifícios usados na fotografia são semelhantes aos utilizados no fraco 30 Dias de Noite. Temos a utilização da neve, ou seja, de planos visuais brancos e/ou cinzentos para denotar a nebulosidade da história. E o interessante é que toda essa atmosfera alva acaba por colocar os personagens e suas expressões ainda mais em evidência. O garotinho que interpreta Oskar, Kåre Hedebrant, tem um futuro brilhante pela frente, mas não posso ser injusto e deixar de colocar Lina Leandersson (a Eli) num patamar acima. Que atuação extraordinária! Uma criança compor um vampiro como Lina o fez é algo quase que impensável, insano. E ela chegou como quem não quer nada e mostrou toda a força de uma jovem estrela nascente. Deixe Ela Entrar foi preterido pela Suécia no que diz respeito à escolha do país para tentar vaga no Oscar passado. Quem entrou no seu lugar foi o belo, mas problemático e clichê, Maria Larsson's Everlasting Moment. Acredito que aquela pequena obra-prima vampiresca poderia ter sido um pouco mais valorizada, uma vez que mostrou para Hollywood como fazer um romance moderno.
Nota: 9,5
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