domingo, 30 de agosto de 2009

Arrasta-me Para o Inferno



"Christine Brown has a good job,

a great boyfried, and a bright future.

But in three days,

she's going to hell."

É exatamente este pequeno texto que encontramos no pôster do novo filme trash de Sam Raimi, Arrasta-me Para o Inferno. Christine (Alison Lohman, do incrível Delírios), de fato, tem uma vida extremamente válida e digna. Tudo conseguido com bastante esforço. Entretanto, pode uma ação ser o estopim para que nossa vida vire de cabeça para baixo, à ponto de vivermos um inferno terrestre? Este filme prova que sim. Mostra que qualquer ação que tomamos no nosso dia-a-dia tem consequências positivas ou negativas que ministrarão nosso futuro. Sam Raimi já tentou dosar o ar trash de seus filmes, mas sempre acaba batendo na mesma tecla e deixando os espectadores apavorados com o que vêem. Já fez isso com seu até então melhor filme A Morte do Demônio, onde morte e zumbis eram a pauta. Vale lembrar que Sam tem o dom de fazer-nos rir e se assustar, tudo ao mesmo tempo. Mas comigo aconteceu algo diferente ao ver Drag Me To Hell. Fiquei angustiado e se ri em alguma parte, foi de puro nervoso e medo.

No filme conhecemos Christine que, como já disse, tem uma vida aparentemente perfeita. Num dia como outro qualquer a senhora Ganush (Lorna Raver) vai até o banco onde a moça trabalha como corretora de empréstimos e pede um acréscimo de crédito para poder pagar sua casa, mas Christine nega o pedido da misteriosa senil. Ganush, numa sequência impressionante, faz de tudo para deixá-la desesperada num mar de agonia e desespero e, de quebra, joga uma maldição na pobre moçoila. A partir daí é que o filme realmente começa. Aparições do espírito maligno, redemoinhos em que folhas se espiralizam no ar, panelas que se chocam, a casa que faz barulhos horríveis: Christine agora pediu nunca ter nascido. Para tentar resolver tudo, ela recorre a um sortista que, de pronto, confirma que o espírito maléfico Lâmia está na vida da moça; e pior: durante os três primeiros dias, ele apenas aterrorizará Christine e no terceiro a levará às profundezas do inferno. Várias instruções do sortista são executadas pela jovem, mas todas falham, até que entra em cena uma médium (Adriana Barraza, espetacular) que já havia sido tocada pelo mesmo espírito e tinha o desejo de aniquilá-lo. E temos aqui, o ápice do filme. Duas sequências que precedem o desfecho e que me deixaram sem fôlego, apavorado. Ao lembrar delas, após a sessão, passei mal - e juro que isso não é frescura. Apesar de ter cantado a pedra da conclusão do filme, a cena final é impecável.

O que é mais interessante no cinema de Raimi - e falo agora especificamente deste Arrasta-me Para o Inferno - é que, como já disse, ele nos induz ao riso e ao pavor muitas vezes na mesma hora. O cinema vinha abaixo de tanto rir em algumas cenas, mas eu estava gelificado na poltrona e o mesmo posso dizer da minha companhia. O teor cômico do filme, no entanto, cai absolutamente por terra quando observamos um tantinho de reflexão que pode ser extraída do roteiro (Sam, juntamente com seu irmão, Ivan). Nossa vida é, sim, direcionada de acordo com nossas atitudes para o bem, ou para o mal. E não adianta: errou, vai pagar pelo erro. A cena final prova isso e o faz de maneira impressionante. Claro que muito além de um bom texto, a condução de Sam é excelente. A criação de uma atmosfera maligna e densa faz com que o espectador sinta-se num vácuo. E esta atmosfera pode ser exemplificada com a primeira cena da fita: uma espécie de prólogo que citua o público na história, isto é, de cara mostra que é um exmplar do gênero terror. Além disso, a movimentação da câmera é uma grande homenagem ao gênero. Zoom in, zoom out, freneticidade e giros são constantes no filme.

Tecnicamente Drag Me To Hell é apenas correto. A fotografia tende ao irritante em alguns instantes e poderia ser mais competente e ousada em outros. A direção de arte também poderia ter caprichado um pouco mais nas cenas filmadas na casa da médium, por exemplo. Nenhum quesito do filme chegou à nota máxima, a não ser a estarrecedora trilha sonora. Em sua totalidade ela se faz genial, sempre com o intuito de levar o espectador ao fundo de sua agonia e fazê-lo enfrentar seus maiores medos. Quem é vivo, sempre aparece: eis que Alison Lohman estrela este filme trash após um tempo sumida. E que belo retorno temos. Nenhuma atuação inesquecível, mas bastante condizente e, principalmente, competente. O mesmo digo da assustadora Lorna Raver que, com a ajuda de uma boa maquiagem, se faz uma bruxa em forma de senhora bondosa (pelo menos no começo). Adriana Barraza deveria investir mais em papéis de médiuns; muito, muito boa! De resto, nenhuma grande surpresa no elenco. Arrasta-me Para o Inferno, na verdade, necessitava apenas de bons personagens-chave o que não implica em bom elenco na totalidade. A fita é uma constante dança da morte; e diferentemente da personagem de Claudia Cardinale em Era Uma Vez no Oeste - a qual sabe que vai sair ilesa do filme -, a personagem de Alison tem a certeza que sucumbirá à tal dança e será arrastada para o inferno, cedo ou tarde.


Nota: 8,5



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sábado, 29 de agosto de 2009

Década: Roteiro Original

Acredito que este top tenha sido o mais difícil de finalizar. Demorei dias para fazê-lo e ainda assim fico extremamente triste de não poder colocar uns 20 filmes a mais. Sei que falta muita coisa boa, mas acredito que o que contemplei nestes dez filmes é uma amostra genial do que tivemos, por ora, de mais original nesta década. Vamos lá:


10. Gilbert Adair, Os Sonhadores




9. Giuseppe Tornatore e Massimo De Rita, A Desconhecida




8. David Lynch, Império dos Sonhos



7. Julian Fellowes, Assassinato em Gosford Park



6. Guillermo Del Toro, O Labirinto do Fauno




5. Duncan Tucker, Transamérica



4. Sofia Coppola, Encontros e Desencontros



3. Jean-Pierre Jeunet e Guillaume Laurant, O Fabuloso Destino de Amélie Poulain






2. Darren Aronofsky, Fonte da Vida


1. Charlie Kaufman, Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Romance


A lenda de Tristão & Isolda é, sem dúvida, um dos contos mais incríveis que temos em nossa história. Modelado na Idade Média, mas tendo origem celta, a lenda mostra um romance que caía por terra e mostrava um trágico amor. O diretor Guel Arraes resolveu utilizar tal lenda como base no seu mais novo filme, Romance. As preocupações, pelo menos de minha parte, eram duas: 1) que Arraes deixasse o filme com cara de novela (como já fez em Lisbela e o Prisioneiro e Caramuru – A Invenção do Brasil); e 2) que ele usasse a história de Tristão e Isolda de forma simples e escrachada. O que ocorreu foi que Romance é um dos filmes nacionais mais interessantes e bem executados dos últimos anos.

O interessante no roteiro de Arraes e Jorge Furtado é que a lenda é, primeiramente, inserida no filme da forma mais direta possível. Explico: Pedro (Wagner Moura) é um ator e diretor de teatro que se apaixona por Ana (Letícia Sabatella) ao contracenar a peça Tristão & Isolda com a moça. Entretanto, devido à dedicação de Ana à televisão, os dois acabam se separando. Neste período a vida de Ana e Pedro seguirá o curso normal de qualquer ser humano, no qual há constantes encontros e desencontros. Após alguns anos separados, o casal volta a se encontrar – novamente por causa dos personagens Tristão e Isolda – para filmarem a versão televisiva da peça. Diálogos reais se confundem com falas da produção e tudo é, claramente, uma celebração ao teatro e, principalmente, ao artista.

Como disse no outro parágrafo, a lenda é, em primeira instância, mostrada de forma nua e crua, ou seja, encenada. Contudo, podemos perceber que a história de amor de Pedro e Ana é quase que uma alegoria moderna do romance “vivido” pelos personagens celtas; isto é, um modelo de amor trágico do nosso tempo. Desta forma, o conto está presente tanto na parte fictícia do filme, quanto na parte real. E não pensem que Guel propõe comparações entre surrealismo e realidade, pois simplesmente deixa o espectador se deleitar com um romance por ora nos palcos, e por ora no mundo real. Inserir personagens secundários foi uma decisão acertada, já que a fita necessitava de um maior teor de recheio. Entram em cena, por exemplo, Fernanda (Andréa Beltrão) e Orlando (Vladimir Brichta) os quais terão importantes tarefas para fazer com que a conclusão da história seja impecável. E, claro, esta conclusão é maravilhosa e nos deixa com um sorriso lindo no rosto.

Guel Arraes apresenta, sem rodeios, seu melhor trabalho de direção. Seus planos são brilhantes e a condução do belo roteiro é simplesmente perfeita. A trilha sonora – de Caetano Veloso – vem para deixar tudo mais claro e simpático e o mesmo digo da interessante fotografia. Lá no topo esqueci-me de colocar um “número 3” nas minhas preocupações com o filme; então, vamos lá: 3) Letícia Sabatella. Não tenho nada contra ela, mas sempre a achei um pouco limitada em seus trabalhos. Recentemente critiquei duramente sua atuação no singelo Não Por Acaso, mas acabo tendo que me desculpar pois Letícia está excelente em Romance. Wagner Moura dispensa elogios, como sempre, e Andréa Beltrão apresenta o melhor trabalho do elenco nesta fita. O que posso perceber é que Romance já é um dos filmes mais subestimados do nosso tempo e, infelizmente, não recebeu os elogios que merecia. Muito além de açucarar e, posteriormente, chocar o espectador com uma espécie de metáfora do amor trágico, a película celebra a arte.

Nota: 9,5


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terça-feira, 25 de agosto de 2009

Emmy 2009: Lead & Supporting Actor in a Drama Series

Dando continuidade às listas referentes ao meus favoritos ao Emmy deste ano, chegamos aos atores (principais e em papel coadjuvante) em séries dramáticas. As indicações nestas categorias foram bastante previsíveis, mas ainda reclamo de alguns atores que foram preteridos. É o caso de Denis Leary (Rescue Me) e Justin Chambers (Grey's Anatomy). Mas deixando rancores de lado, vamos parar de lenga-lenga e partir para as duas listas começando por Ator em Série - Drama (como da primeira vez, em ordem decrescente de preferência):

1. Bryan Cranston, "Phoenix" (Breaking Bad)


Esse cara é simplesmente genial. A primeira temporada de Breaking Bad foi, pra mim, o ar fresco de que a TV precisava: ousada, séria e bastante original. Bryan brilhou nela e continuou fazendo o mesmo - ou até mais - na segunda temporada. Merece o prêmio e acho que só um dos demais indicados está no mesmo patamar que ele: Hugh Laurie em House.

2. Hugh Laurie, “Under My Skin” (House)
3. Jon Hamm, “The Mountain King” (Mad Men)
4. Simon Baker, “Pilot” (The Mentalist)
5. Michael C. Hall, “The Lion Sleeps Tonight” (Dexter)
6. Gabriel Byrne, “Gina, Week 4” (In Treatment)
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Passando agora à categoria de Ator Coadjuvante em Série - Drama:

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1. William Hurt, "Hey, Mr. Pibb" (Damages)



Damages, como já disse anteriormente, é uma série que expõe um trabalho de elenco impressionante. Glenn e Rose, minhas favoritas em suas categorias, se juntam a William e dominam a lista dedicada às séries dramáticas no que tange as categorias de atuação. Ele, como sempre, é extremamente centrado no que está fazendo e vai muito bem. Mas confesso que acho essa categoria extremamente fraca se comparada aos anos anteriores. Bato na mesma tecla: se Justin Chambers estivesse indicado, seria minha primeira opção. Minha felicidade, porém, fica por conta do merecido reconhecimento de Aaron Paul (Breaking Bad).

2. Aaron Paul, “Peekaboo” (Breaking Bad)
3. Michael Emerson, “Dead is Dead” (Lost)
4. Jon Slattery, "Six Month Leave" (Mad Men)
5. Cristian Clemenson, “Roe” (Boston Legal)
6. William Shatner, “Made in China/Last Call” (Boston Legal)

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Veronika Decide Morrer


Quando um filme surge de uma obra literária, ou seja, é adaptado dela, gosto de lê-la antes de vê-lo. Nem sempre, porém, consigo tal feito uma vez que às vezes não encontro o livro e, em outras, não gosto do autor. Veronika Decide Morrer foi adaptado da obra do aclamado por uns e detestado por outros Paulo Coelho e devo ser sincero: sem dúvida, me encaixo no segundo grupo. Li apenas três livros dele (A Bruxa de Portobello, O Alquimista e Onze Minutos) e confesso que foi um sofrimento finalizá-los. Não gosto de como Paulo expõe os personagens e os problemas em sua obra, sempre tentando enquadrá-los numa “literatura exotérica-realista de auto-ajuda” (entretanto, a sua parceria com Raul Seixas rendeu músicas extraordinárias, mas não entrarei nesses méritos). Desta forma, como não li o livro, encarei a fita como sendo um roteiro original e, mesmo assim, vejo alguns pontos extremamente discutíveis nela.

Tudo gira em torno de Veronika (Sarah Michelle Gellar), uma moça que está num estágio avançado de depressão e tem consciência disso. O primeiro plano do filme mostra uma narração dela comentando como seria uma vida perfeita, mas sempre mostrando o lado pessimista disso tudo. Em seguida, ela decide se suicidar, pois nitidamente não se vê como pertencente ao nosso mundo. Este início vem para enganar o espectador uma vez que é genial e denota que tudo o que seguirá vai ser tão excelente quanto a introdução. Ledo engano. O plano da menina dá errado e ela acaba ficando duas semanas em coma e, depois disso, acorda num internato psiquiátrico. A partir daí, a diretora Emily Young mergulha seu filme num aquário de pretensão e o tempo todo faz questão de arrancar seu ritmo. Veronika, ao retomar a consciência, recebe a notícia que a tentativa de suicídio químico acarretou num problema cardíaco irreversível que levaria a moça à morte a qualquer instante. O que ocorre é que ela conhece alguns internos e aprende alguma coisa de valia com cada um deles e, aos poucos, vai aprendendo que o melhor remédio para a depressão, é a vida. Entre estes personagens secundários estão Mari (Melissa Leo, sensacional) e Edward (Jonathan Tucker). Este acaba por ser o estopim para que Veronika volte a dar valor à sua vida e também será decisivo para o desfecho.

À primeira vista, a conclusão da história é bastante emocionante e acabei derrubando uma ou duas lágrimas. Mas logo em seguida percebemos que é uma lição de moral muito forçada e clichê. O roteiro (Larry Gross e Roberta Hanley) tem seus altos e baixos, mas se fizermos uma média, ele fica um pouquinho abaixo dela. O forte da película, pra mim, é o elenco. Discordando piamente da maioria, acho a atuação de Sarah Michelle Gellar brilhante. Dosa momentos completamente mórbidos e fundo de poço, com os que mostram a redenção de sua personagem. Jonathan Tucker é bastante empenhado e, no geral, correto. E no elenco de suporte temos uma grata surpresa: Melissa Leo. Outra atuação extremamente interessante desta ótima atriz. Outro aspecto pouco comentado no mundo cinéfilo – injustamente, é verdade – é a trilha sonora. Percebam que ela segue direitinho todos os atos do filme: momentos bastante densos e fortes ou alegres e de alívio. No final das contas, quem não leu o livro mas conhece a literatura de Paulo Coelho, consegue saber que a essência do autor está ali. Veronika Decide Morrer tem seus vários erros, principalmente na leviana direção, mas também tem seus acertos.


Nota: 6,5


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sábado, 22 de agosto de 2009

Que simpáticos!

Os blogueiros cinéfilos são incrivelmete generosos, não? Essa semana dois deles, a sempre querida Mayara (Apaixonada por Cinema) e o meu mais novo conhecido Thiago (No Mundo Agora), me presentearam com dois selos. É sempre uma delícia ser reconhecido pelo trabalho e parabenizo aos dois por também terem sido contemplados com tais selos. São eles: "MasterBlog" e "Vale a Pena Ficar de Olho Nesse Blog". Vamos, em ordem, às regras:


MasterBlog


1. Postar o selo.

2. Colocar no seu post o nome do blog que te indicou ao prêmio.

3. Escrever uma mensagem de agradecimento ao blogueiro que te indicou.

4. Abaixo do selo descrever 5 características suas.

5. Indicar o prêmio a 5 ou mais blogs para receber o selo.


Agradeço imensamente o carinho da Mayara por ter me indicado a este selo. Existem blogs e mais blogs por aí e estar presente numa lista pra receber uma condecoração é uma grande honra. Ainda mais se isto parte de uma amiga! Obrigado!

Características do blogueiro que vos fala: dedicado, feliz, cinéfilo, teimoso, apaixonado.

Indico:

Pedro (Cinema O Rama)

Jeff (Receio de Remorso)

Kamila (Cinéfila por Natureza)

Nespoli e Miojo (O Cara da Locadora)

Wally (Cine Vita)

Vale a Pena Ficar de Olho Nesse Blog


1. Linkar o blog que te indicou.

2. Indicar 10 blogs que valem a pena serem seguidos.

Indico:

Vinícius (Blog do Vinícius)

Louis (Letters from Louis)

Fifeco (Cinema is My Life)

Tiago e Vivi (Cinefilando)

Ibertson (Cinema para Todos)

Weiner (A Grande Arte)

Hugo (Cinema - Filmes e Seriados)

Cleber (Club Cinéfilo)

Thiago (Conexão TV/Cinema)

Robson (Portal Cine)

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Década: Ator Coadjuvante

Antes de começar, uma correção: no primeiro top 10 referente a esta nossa década no cinema, eu comentei sobre as categorias que seriam contempladas. Só quero avisar que aumentei o número de categorias: inseri Filme Estrangeiro (que não seja americano), Filme Nacional e Animação. Fiquem agora com o top dos atores em papel secundário.


10. Djimon Hounsou em Terra de Sonhos




9. Chris Cooper em Adaptação



8. Barry Pepper em Três Enterros



7. Ed Harris em As Horas




6. Jackie Earle Haley em Pecados Íntimos



5. David Carradine em Kill Bill Vol. 2



4. Javier Bardem em Onde os Fracos Não Têm Vez




3. Paul Dano em Sangue Negro



2. Benicio Del Toro em 21 Gramas



1. Heath Ledger, O Cavaleiro das Trevas


quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Uma Rua Chamada Pecado

Em Dogville, de Lars Von Trier, pudemos observar de forma seca uma disposição incomum de cenários e personagens. Isso se deve ao fato de a fita ser filha do Dogma 95 – movimento cinematográfico que prima para um cinema mais realista e menos comercial. Entretanto, consigo pensar que Dogville pode ser também uma homenagem ao teatro, mas tenho consciência que o propósito de Lars não era esse. Ano passado, contudo, John Patrick Shanley despejou em seu Dúvida um viés único e exclusivamente teatral não só na forma de atuação dos artistas, mas sim no tipo de apresentação do roteiro. E esse desejo de manifestar aspectos teatrais no cinema já foi visto, antes destes dois filmes, numa obra-prima atemporal que foi brutalmente censuranda por ser tão ousada e incomum. Falo de A Streetcar Named Desire ou, numa tradução que não funciona tanto, Uma Rua Chamada Pecado.

O filme é livremente baseado na peça de Tennessee Williams e adaptado desta por Oscar Saul. Nos apresenta a história de Stella (Kim Hunter) e Stanley (Marlon Brando), um casal que vive uma relação constante de amor e ódio mas que, no fim, aquele sentimento sempre reina. O que já era bastante obscuro transforma-se em algo sarcástico e misterioso com a chegada de Blanche DuBois (Vivien Leigh), irmã de Stella, a qual vai passar uns tempos junto ao casal. A atmosfera do filme torna-se pesada e bastante densa quando Blanche curiosamente – e de forma esquisita – começa a prestar atenção em Stanley e, pior, consuma-se uma relação nebulosa e cínica entre os dois. Óbvio que Stella tenta ser a favor do marido mas, ao mesmo tempo, deve acreditar nas histórias quase que utópicas de sua irmã. Cada dia parece ser pior que o outro na vida deste trio, e tudo piora quando Stanley descobre quem é, de fato, Blanche e uma verdade aparente vem à tona.

Na parte secundária ainda temos Mitch (Karl Malden) que é amigo de Stanley e se vê apaixonado por Blanche. O interessante, aqui, é a entonação dada ao passageiro romance entre os dois: claramente percebemos a entrega de Mitch e o desejo de esconder o passado por parte dela. Esconder não é a palavra certa; ela procura contornar tudo o que já aconteceu e seguir em frente, mas ainda assim ficamos confusos se é realmente esta a proposta de Blanche. Pode-se observar que, discretamente e sem ser intencional, a fita mostra a instalação do caos num local onde existia paz, mesmo que aparente. Mas este caos é o que torna o material impecável, já que é algo psicológico e não social ou que pende à violência bélica ou temas do tipo. E tudo é ratificado com cenas absurdamente ousadas e que tendem completamente às técnicas teatrais principalmente no que tange as atuações. As passagens que antecedem o final são fortes e incomodam o espectador até chegar num triunfal e inesquecível desfecho.

Como já frisei várias vezes no texto, as pitadas teatrais estão inseridas de forma louvável no filme. Elia Kazan, então, dirige tudo com uma cautela ímpar e conduz esta fita complicada como já havia feito anteriormente em A Luz é Para Todos. Sendo sincero, digo que não consigo expressar o que é a direção de Kazan. Consegue ser visceral em cada plano e, não contente, suga até o último suspiro de seus atores. E, antes tarde do que nunca, cá chegamos: o trabalho dos atores e atrizes. Nunca escondi que acho o trabalho de elenco de Quem Tem Medo de Virgínia Woolf? o melhor da história. Mas também nunca fui louco de não concordar que o elenco de Uma Rua Chamada Pecado é quase tão genial quanto aquele. Kim Hunter é brilhante por conseguir mostrar os dois lados de uma mulher apaixonada pelo marido mas que, ao mesmo tempo, nutre um amor incondicional pela irmã. Karl Malden também mostra uma bela atuação que, no fundo, é bastante difícil. Mas parem tudo e chamem a NASA! As duas estrelas são, com certeza, Vivien Leigh e Marlon Brando. Não tem como, são duas interpretações impressionantes, magníficas. Ele, além do seu indiscutível porte de galã, consegue ministrar tons hilários com intensamente dramáticos e, claro, violentos. Ela, uma das minhas atrizes preferidas, simplesmente choca o mundo com a melhor atuação feminina de todos os tempos, pra mim. A sua expressividade é incomum e percebam que Vivien tem um dom único de falar pelo olhar, por gestos. Inclusive, sugiro que prestem atenção nos momentos em que Vivien e Marlon atuam juntos. Saem metáforas de seus olhares e frases completas de suas posturas e gestos. Não é coisa digna de ser chamada de obra-prima? Chorem, riam, se desesperem, odeiem e misturem os sentimentos que quiserem em Uma Rua Chamada Pecado; ela está ali... vocês sabem o endereço.


Nota: 10,0

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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

De Repente, Califórnia


Durante quase toda a reprodução de De Repente, Califórnia músicas altas, surfistas insandecidos no mar e skatistas em terra tantam dar um ar comum ao filme. O diretor estreante Jonah Markowitz tenta utilizar o cotidiano para mostrar que o que muitos pensam ser algo inaceitável é, na verdade, absurdamente simples. A fita trata, sendo direto, de homossexualidade, mas não esperem algo insensível, frio e que banalize o tema. Muito pelo contrário. Tudo o que assistimos é leve e no fim temos s sensação de dever cumprido. Coloca tal tema num patamar tão interessante que, de forma bastante discreta, acaba por, simplesmente, mandar as pessoas que ainda são à favor do preconceito, calarem a boca. Além de tudo, Shelter (título original) fala de sonhos, mas não superficiais. Sonhos que têm a ver com um futuro brilhante e lindo que pode ser alcançado.

No filme, conhecemos Zach (Trevor Wright), um garoto que larga a escola de arte para ajudar sua família, mais precisamente sua irmã, Jeanne (Tina Holmes), que é mãe solteira. Um dos pontos interessantes do roteiro (escrito pelo mesmo Jonah Markowitz) começa aqui, uma vez que o sobrinho de Zach o vê como a figura paterna a ser seguida, o que torna a vida do garoto mais complicada do que parece. Tudo muda quando Zach conhece Shaun (Brad Rowe) e, de pronto, os dois tornam-se amigos. Primeiramente motivados pelo surfe e logo em seguida pelo sentimento genuíno chamado amor que toma conta deles. A autodescoberta acaba por confrontar o que já conhecemos, o preconceito, e a velha frase "o que vão pensar da gente?" vêm à tona. Entretanto, logo percebemos outra grande sacada do roteiro: não importa o que aconteça; eles se amam e pronto! E mesmo Zach com seus vários problemas, luta para reconciliar seus próprios desejos com as necessidades de sua família. Após terminar a película, fiquei com uma vontade súbita de casar e ter um cachorro (assistam ao filme e saberão do que estou falando)!

Contudo, ao passo que temos um roteiro interessante que, mesmo caíndo em alguns clichês, se faz maravilhoso, temos alguns problemas de direção. Acredito que Jonah deixou seu filme visualmente lindo: desde a impecável fotografia, até à surpreendente direção de arte. Mas tudo isso, somada às fofas canções (uma delas, a viciante "I Like That", de Shane Mack) acabam por dar um ar de clipe musical ao filme, o que, pra mim, é um problema - mesmo que pequeno. A dupla de protagonistas são bastante convincentes, principalmente Trevor Wright. Conseguem ser naturais e fazer de seus personagens instrumentos que mostram o que é amar sem fronteiras. O que, de fato, acontece é que De Repente, Califórnia é um filme para poucos. A maioria dos cinéfilos estão achando a fita superficial e, pasmem, utópica. Uma pena, pois pra mim é uma grande e grata surpresa.

Nota: 8,0


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sábado, 15 de agosto de 2009

Década: Atriz Coadjuvante

Eu adoro fazer listas e vocês já perceberam isso. Hoje começo a postar uma série de top 10 mostrando quem são, PARCIALMENTE, os melhores desta década no Cinema. As categorias abordadas serão Atriz Coadjuvante, Ator Coadjuvante, Roteiro Original, Roteiro Adaptado, Atriz, Ator, Direção e Filme (necessariamente nessa ordem). Vamos comentar, então, sobre o primeiro top; o das atrizes em papel coadjuvante. Lembrando que levo em consideração as datas de estréia dos filme aqui no Brasil.


10. Rachel Weisz em Um Beijo Roubado






9. Natalie Portman em Closer - Perto Demais






8. Kate Hudson em Quase Famosos




7. Shohreh Aghdashloo em Casa de Areia e Névoa



6. Meryl Streep em Adaptação




5. Amy Adams em Retratos de Família



4. Miriam Muniz em Nina




3. Julianne Moore em As Horas



2. Cate Blanchett em Não Estou Lá



1. Kate Winslet, O Leitor (como já comentei no meu texto, Kate, a meu ver, é secundária no filme)


quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Coming Soon: Uma Rua Chamada Pecado


Não, não vai estrear um remake de Uma Rua Chamada Pecado. Mas então por que diabos "coming soon"?! Simples: ao ler o texto do amigo Nespoli (O Cara da Locadora), fiquei louco de vontade de rever este filme. Confesso que era necessária essa revisão, já que nunca consegui escrever sobre ele. Simples motivo: pra mim, é uma grande e majestosa obra-prima. O trabalho de direção é impecável e o mesmo digo do texto. A película aproveita para mostrar um dos melhores trabalhos de elenco da história. Vivien Leigh - e sua beleza natural e clássica - é intensa e Marlon Brando - e sua beleza estonteante (falei que o blog seria mais escrachado agora hahahaha) - é excelente. Mas só postei isto para dizer que quando vocês menos esperarem o texto completo estará publicado. Quero caprichar, pois a fita merece!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Project Runway: Car Challenge


Não vou negar. Sou absurdamente antenado sobre moda em geral. Inclusive um dos meu aspectos preferidos de analisar no cinema são os figurinos. Mas não escrevi este post para falar de cinema, mas sim de televisão. Mais precisamente sobre o melhor reality show da atualidade: Project Runway. A linda loira da foto é a apresentadora - e uma das juradas - de tal reality. Trata-se da Sra. Seal, ou simplesmente, Heidi Klum (indicada ao Emmy na sua categoria). Sempre intensa, simpática, elegante e, se preciso, cínica, ela conduz o show de forma maravilhosa. Pra quem não conhece o programa, um breve resumo: são selecionados 16 estilistas que, a cada semana, passarão por desafios diferentes - e cada vez mais complexos. Tais desafios vão desde criar figurinos para séries de TV até desenhar um look para Drag Queens. E ao fim de cada desafio, temos um vencedor (que geralmente ganha imunidade) e um eliminado. Mas hoje - e agora indo ao cerne do texto - quero comentar sobre um dos mais sensacionais desafios já vistos no programa; trata-se do "car challenge", que foi ao ar semana passada (People+Arts) e que faz parte da quinta temporada. Basicamente largaram os designers à frente de vários carros cheios de acessórios soltos dentro. Eram cintos de segurança, faróis, carburadores, estofamentos, tapetes, fios de cobre. E é isso. Se virem para fazer uma roupa utilizando essas "coisas" e as deixem com uma cara de peça usável. Foi genial! Ao passo que tivemos peças desastrosas, tivemos desenhos e posteriores produções muito interessantes. O acabamento, creio eu, foi o mais complicado de se fazer. Imaginem costurar tapetes de carro ou pior: utilizar um faról! As máquinas de costura quase pifaram. Ao final, acabou que o insuportável Keith foi eliminado e Leanne foi a vencedora (modelo feito com estofados de banco e cintos de segurança desfiados), sendo que Korto (uma das minhas favoritas ao prêmio) ficou no bottom 2, apresentando um casaco que serve bem como vestido completamente feito com cintos de segurança entrelaçados à mão. Mas quem me chamou a atenção foi o chato e freak Blayne. Ele criou um vestido de noite utilizando cintos de segurança (que foram entrelaçados na parte do busto e soltos na parte inferior) e alguns pedaços de vidro. O resultado é interessantíssimo, mesmo com as proporções completamente erradas. Abaixo, as imagens das roupas da vencedora, Leanne, da segunda colocada no desafio, Korto, do vestido de Blayne e da boring confecção do eliminado, Keith (inclusive com a aparição dele, hahahahaha). As fotos estão nesta ordem citada.